Em 2022, mais de 612 mil acidentes de trabalho foram registrados, com mais de 2.500 mortes (SmartLab/MPT). As quedas de altura representam uma parcela significativa desses acidentes fatais, não apenas na construção civil, mas também em setores como logística, indústria, manutenção predial, telecomunicações e agronegócio. Onde há trabalho acima de dois metros, há risco real e muitas vezes subestimado.
A linha de vida, prevista na NR-35, não é um acessório burocrático: é um sistema de proteção fundamental, projetado para suportar cargas de impacto e evitar quedas mesmo em cenários de falha humana ou imprevistos operacionais. Quando negligenciada, improvisada ou mal dimensionada, transforma o que poderia ser uma barreira de segurança em um ponto cego fatal. A norma exige planejamento, responsabilidade técnica, ancoragens testadas e integração com EPIs, e isso deve ser tratado com o mesmo rigor que se dá a qualquer outro fator crítico de risco.
Tratar a linha de vida como um item secundário é ignorar o peso dos dados e o custo das perdas. Segurança em altura não é estética normativa, é prevenção concreta. E a diferença entre adotar um sistema seguro ou não, pode ser, literalmente, a vida de alguém. Se há trabalho em altura, a linha de vida precisa deixar de ser vista como um custo e passar a ser reconhecida como o que realmente é: um dispositivo essencial para preservar vidas.
Christof Becker
Coordenador de Engenharia Mecânica